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terça-feira, 22 de julho de 2014

01-A REFORMA RELIGIOSA

COMENTARIOS BIBLICO HISTORICO 01-A REFORMA RELIGIOSA

A CRISE DA RELIGIAO
No fim da Idade Média, o crescente desprestígio da Igreja do Ocidente, mais
interessada no próprio enriquecimento material do que na orientação espiritual dos
fiéis; a progressiva secularização da vida social, imposta pelo humanismo
renascentista; e a ignorância e o relaxamento moral do baixo clero favoreceram o
desenvolvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e
que teve entre suas principais causas a transferência da sede papal para a cidade
francesa de Avignon e a eleição simultânea de dois e até de três pontífices.
Uma angústia coletiva dominou todas as camadas sociais da época, inquietas com os abusos da Igreja, que exigia dos fiéis dízimos cada vez maiores e se
enriqueciam progressivamente com a venda de cargos eclesiásticos. Bispos eram
nomeados por razões políticas e os novos clérigos cobravam altos preços pelos
seus serviços (indulgências), e nem sempre possuíam suficientes conhecimento
de religião ou compreendiam os textos que recitavam.
Com as rendas que auferiam, papas e bispos levavam uma vida de magnificência,
enquanto os padres mais humildes, carentes de recursos, muitas vezes
sustentavam suas paróquias com a instalação de tavernas, casas de jogo ou
outros estabelecimentos lucrativos. Outros absurdos como a venda de objetos
tidos como relíquias sagradas – por exemplo, lascas de madeira como sendo da
cruz de Jesus Cristo – eram efetuados em profusão. Diante dessa situação
alienante, pequenos grupos compostos por membros do clero e mesmo por leigos
estudavam novas vias espirituais, preparando discretamente uma verdadeira
reforma religiosa.

O Luteranismo na Alemanha

Na Alemanha, o frade agostiniano Martinho Lutero desenvolveu suas reflexões,
criando a doutrina da justificação pela fé como único ponto de partida para
aprofundar os ensinamentos que recebera. Segundo ele, "Deus não nos julga
pelos pecados e pelas obras, mas pela nossa fé". Enquanto a concessão de
indulgências como prática de devoção era entendida pelos cristãos como
absolvição, a justificação pela fé defendida por Lutero não permitia atribuir valor às
obras de caridade, opondo-se à teoria da salvação pelos méritos. Em 1517, Lutero publicou suas 95 teses, denunciando falsas seguranças dadas aos fiéis. Segundo diziam essas teses, só Deus poderia perdoar, e não o papa, e a única
fonte de salvação da Igreja residia no Evangelho. Em torno dessa nova posição, iniciou-se na Alemanha um conflito entre dominicanos e agostinianos.
Em 1520 o papa Leão X promulgou uma bula em que dava 60 dias para a
execução da retratação de Lutero, que então queimou publicamente a bula papal,
sendo excomungado. No entanto, Lutero recebera grande apoio e conquistara
inúmeros adeptos da sua doutrina, como os humanistas, os nobres e os jovens
estudantes. Consequentemente, uma revolta individual transformou-se num cisma
geral. Na Alemanha as condições favoráveis à propagação do luteranismo se
acentuaram devido à fraqueza do poder imperial, às ambições dos príncipes em
relação aos bens da Igreja, às tensões sociais que opunham camponeses e
senhores, e o nacionalismo, hostil às influências religiosas de Roma.
O imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, tentou um acordo
para tolerar o luteranismo onde já houvesse, mas pretendia impedir sua
propagação. Cinco principados protestaram contra esta sanção, o que gerou o
termo protestantismo. Sentindo a fragmentação cristã em seus domínios, Carlos V
convocou a Dieta de Augsburg, visando conciliar protestantes e cristãos. Dada a
impossibilidade de acordo, os príncipes católicos e o imperador acataram as
condenações, na tentativa de eliminar o protestantismo luterano. Após anos de
luta, em 1555, os protestantes venceram, e foi assinada a paz, que concedeu
liberdade de religião no Santo Império. Lutero morreu em 1546, mas permaneceu
como grande inspirador da Reforma.
O movimento luterano abriu caminhos para rebeliões políticas e sociais, não
previstas por Lutero. Em 1524 eclodiu a Revolta dos Camponeses, composta em
sua maioria por membros de uma nova seita, os anabatistas. Extremamente
agressivos e individualistas, levaram às concepções de Lutero sobre a livre
interpretação da Bíblia e reclamavam a supressão da propriedade e a partilha das
riquezas da Igreja. Embora sustentando a idéia de liberdade cristã, Lutero
submetia-se a autoridades legítimas, recusando-se a apoiar os revoltosos.
Condenou então as revoltas e incitou os nobres à repressão. Os camponeses
foram vencidos e o protestantismo se expandiu apenas para os países
escandinavos (Suécia, Noruega e Dinamarca), sendo instrumento de rebelião dos
burgueses e comerciantes contra os senhores de terra, que eram nobres católicos.

O Calvinismo na França

Na França, o teólogo João Calvino posicionou-se com as obras protestantes e as
idéias evangelistas, partindo da necessidade de dar à Reforma um corpo
doutrinário lógico, eliminando todas as primeiras afirmações fundamentais de
Lutero: a incapacidade do homem, a graça da salvação e o valor absoluto da fé.
Calvino julgava Deus todo poderoso, estando a razão humana corrompida,
incapaz de atingir a verdade. Segundo ele, o arrependimento não levaria o homem
à salvação, pois este tinha natureza irremediavelmente pecadora. Formulou então
a Teoria da Predestinação: Deus concedia a salvação a poucos eleitos, escolhidos
por toda a eternidade. Nenhum homem poderia dizer com certeza se pertencia a
este grupo, mas alguns fatores, entre os quais a obediência virtuosa, dar-lhe-iam
esperança.
Os protestantes franceses seguidores da doutrina calvinista eram chamados
huguenotes, e se propagaram rapidamente pelo país. O calvinismo atingiu a
Europa Central e Oriental. Calvino considerou o cristão livre de todas as
proibições inexistentes em sua Escritura, o que tornava lícitas as práticas do
capitalismo, determinando uma certa liberdade em relação à usura, enquanto
Lutero, muito hostil ao capitalismo, considerava-o obra do demônio. Segundo
Calvino, "Deus dispôs todas as coisas de modo a determinarem a sua própria
vontade, chamando cada pessoa para sua vocação particular". Calvino morreu em
Genebra, em 1564. Porém, mesmo após sua morte, as igrejas reformadas
mantiveram-se em contínua expansão.

O Anglicanismo na Inglaterra

Na Inglaterra, o principal fato que desencadeou a Reforma religiosa foi a negação
do papa Clemente VII a consentir a anulação do casamento do rei Henrique VIII
com Catarina de Aragão, impedindo a consolidação da monarquia Tudor.
Manipulando o clero, Henrique VIII atingiu seu objetivo: tornou-se chefe supremo
da Igreja inglesa, anulou seu casamento e casou-se com Ana Bolena. A reação do
papa foi imediata: excomungou o soberano e, em consequência, o Parlamento
rompeu com Roma, dando ao rei o direito de governar a Igreja, de lutar contra as
heresias e de excomungar. Consolidada a ruptura, Henrique VIII, através de seus
conselheiros, organizou a Igreja na Inglaterra.
Entretanto, a reforma de Henrique VIII constituiu mais uma alteração política do
que doutrinária. As reais alterações teológicas surgiram no reinado de seu filho,
Eduardo VI, que introduziu algumas modificações fortemente influenciadas pelo
calvinismo. Foi no reinado de Elizabeth I, porém, que consolidou-se a Igreja
Anglicana. A supremacia do Estado sobre a Igreja foi afirmada e Elizabeth I
tornou-se chefe da Igreja Anglicana independente. A Reforma na Inglaterra
representou uma necessidade de fortalecimento do Estado, na medida em que o
rei transformou a religião numa via de dominação sobre seus súditos.

A Contra-Reforma

A reação oficial da Igreja contra a expansão do protestantismo ficou conhecida
como Contra-Reforma. Em 1542, o papa Paulo III introduziu a Inquisição Romana,
confiando aos dominicanos a função de impô-las aos Estados italianos. A nova
instituição perseguiu todos aqueles que, através do humanismo ou das teologias
luterana e calvinista, contrariavam o ortodoxia católica ou cometiam heresias. A
Inquisição também foi aplicada em outros países, como Portugal e Espanha. Em
1545, a Igreja Católica tomou outra medida: uma comissão de reforma convocou o
Concílio de Trento, desenvolvido em três fases principais, entre 1545 e 1563, fixou
definitivamente o conteúdo da fé católica, praticamente reafirmando suas antigas
doutrinas. Confirmou-se também o celibato clerical e sua hierarquia. Em 1559
criou-se ainda o Índice de Livros Proibidos, composto de uma lista de livros cuja
leitura era proibida aos cristãos, por comprometer a fé e os costumes católicos

Conclusão
A religião está presente em todas as sociedades e tem grande influência na
cultura dos povos.
Apesar dele se dirigir ao intelecto das pessoas, não é explicado pela
filosofia, nem pela ciência. A religião atinge as emoções, origina a fé na lei divina,
é um sentimento tão forte que pode ser a base de toda uma cultura.
Os pensamentos se renovam e as culturas se proliferam; a vida evolui e a
colheita intelectual da humanidade aumenta a cada dia. E quanto mais a
humanidade evolui, mais unida e mesclada fica.

COMPILADO E ADAPTADO PELO ESCRITOR MANOELZINHO CONTAGEM MG 17 FEVEREIRO 2014


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